O meu ouvido

07 dezembro, 2007

Madredeus

Os Madredeus são o grupo musical português de maior projeção mundial. A sua música combina influências da música tradicional portuguesa com a música erudita e com a música popular contemporânea, com destaque para a música popular brasileira.

Os elementos fundadores do grupo foram: Pedro Ayres Magalhães (violão), Rodrigo Leão (teclados), Francisco Ribeiro (violoncelo), Gabriel Gomes (acordeão) e Teresa Salgueiro (voz).
Magalhães e Leão formaram o grupo em 1985, Ribeiro e Gomes juntaram-se a eles em 1986. Na sua busca por uma vocalista, descobriram Teresa Salgueiro numa casa nocturna de Lisboa, quando esta cantava alguns fados numa reunião informal de amigos. Teresa foi convidada para uma audição e aí surgia o grupo, o qual ainda não tinha um nome. A proposta inicial era a de uma oficina criativa, à qual todos os músicos levavam as suas ideias e compunham em conjunto os temas e arranjos. Em 1987, o local de trabalho do grupo, o Teatro Ibérico (antiga igreja do Convento das Xabregas, no bairro lisboeta da Madredeus) serviu de estúdio de gravação para mais de quinze temas reunidos à época em um LP duplo, depois convertido para o formato de CD. Chamaram-no "Os dias da Madredeus" e daí viria o nome do grupo. O carácter inovador do álbum fez com que os Madredeus se tornassem um fenómeno instantâneo de popularidade em Portugal à época.

Em 1990 foi editado o segundo disco dos Madredeus, "Existir", que teve na canção "O Pastor" um grande sucesso. Apesar disso, o grupo era relativamente desconhecido no estrangeiro. Isto mudou quando os Madredeus deram uma série de concertos na Bélgica onde decorria a Europália, uma exposição que no ano de 1991 foi dedicada à cultura portuguesa. Outro fato que contribuiu para que os Madredeus se tornassem conhecidos no estrangeiro foi o uso da canção "O Pastor" num filme publicitário na Grécia, à revelia do grupo. Seguiu-se um disco gravado ao vivo em Lisboa, no qual o grupo interpretava canções dos dois primeiros discos e incluía novos temas, um dos quais "Mudar de Vida" com a participação do guitarrista Carlos Paredes.

Em 1994 a banda lança "O Espírito da Paz", um álbum que consolida o grupo no estrangeiro. O disco alcançou o primeiro lugar das tabelas de Espanha e levou o grupo a uma longa digressão internacional, a qual incluiu o Brasil e alguns países do Extremo Oriente .

Durante as sessões de gravação de "O Espírito da Paz", que decorreram em Inglaterra, os Madredeus gravaram outro disco, que seria editado em 1995.
Wim Wenders, impressionado com a música do grupo, os tinha convidado para musicarem um filme sobre Lisboa, chamado Lisbon Story (no Brasil, "O Céu de Lisboa"; em Portugal, "Viagem a Portugal"), do qual o grupo foi protagonista. A banda sonora deu ao grupo ainda maior projecção internacional.

Em 1995, incorporam-se nos Madredeus os músicos Carlos Maria Trindade, no lugar do teclista Rodrigo Leão, e o violonista José Peixoto. Em 1996, Francisco Ribeiro e Gabriel Gomes deixam o grupo e em 1997, os Madredeus gravaram o primeiro álbum com a actual formação, intitulado "O Paraíso". No mesmo ano ingressa no grupo Fernando Júdice (baixo acústico).

Em 1998, o grupo foi convidado a ser a atracção do concerto de abertura da Expo'98 em Lisboa, ocasião na qual se apresentaram ao lado do tenor espanhol José Carreras. A parceria inusitada renderia outros encontros futuros.

O ano de 2000 marcou o lançamento do álbum "Antologia", com canções de toda a discografia do grupo até então e mais duas canções inéditas: a bossanovista "Oxalá" e "As Brumas do Futuro", tema do filme de estreia da atriz portuguesa Maria de Medeiros como directora, "Capitães de Abril", sobre a Revolução dos Cravos.

Em 2001, o grupo lança "Movimento", o segundo álbum de estúdio com a nova formação, e depois deste alguns álbuns experimentais que causaram acaloradas discussões entre os fãs e críticos: "Electrónico", uma compilação de versões electrónicas das canções de Madredeus feitas por alguns dos músicos eletrónicos mais credenciados da Europa, e "Euforia", um álbum duplo com canções gravadas ao vivo pelo grupo com a "Vlaams Symfonisch Radio-orkest", Orquestra Sinfónica da Rádio Flamenga, da Bélgica.

Em 2004, os Madredeus entraram em estúdio e de lá saíram canções suficientes para dois álbuns: "Um Amor Infinito", dedicado aos fãs de todo o mundo, e "Faluas do Tejo", este último sendo considerado uma homenagem à cidade de Lisboa, terra natal do grupo.

O ano de 2007 foi um ano sabático para o Madredeus. Os seus integrantes desenvolveram projectos paralelos ao trabalho da banda, como Teresa Salgueiro, que lançou nesse ano dois álbuns, ambos produzidos por Pedro Ayres Magalhães, e a dupla José Peixoto e Fernando Júdice, que criaram o grupo Sal, unindo-se à voz de Ana Sofia Varela e a percussão de Vicky.

Os integrantes do Madredeus sempre tiveram liberdade para conduzir projectos paralelos ao grupo: Carlos Maria Trindade, Pedro Ayres Magalhães, José Peixoto e Fernando Júdice actuam frequentemente como produtores musicais. Trindade e Peixoto têm sólidas carreiras como solistas e, mais recentemente, José Peixoto e Fernando Júdice têm trabalhado em projetos conjuntos, como o álbum "Carinhoso", no qual os dois músicos revisitam o repertório do compositor brasileiro Pixinguinha, e o supracitado grupo Sal.

Em 28 de Novembro de 2007, porém, o anúncio da saída de Teresa Salgueiro, Fernando Júdice e José Peixoto apanhou os fãs do grupo de surpresa. Pedro Ayres Magalhães declarou que o futuro do grupo é incerto e que, na opinião dele, torna-se difícil pensar em retorno sem a presença de Teresa Salgueiro, cuja voz se tornou emblemática para os Madredeus.






Aconteça o que acontecer, dum passado recheado de louros e dum legado perpetuado na memória de todos jamais se libertarão.

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